Quase


É simples assim. Um dia acordamos não amando mais. Não querendo mais encontros impossíveis, palavras envolventes, promessas improváveis. Não aceitamos o talvez, meras possibilidades.
Se quero manter em mim a felicidade, desculpa... aqui tua presença não faz mais sentido. Resgato a chave das minhas algemas e me liberto...
Foi bonito, quase eterno, quase infinito, quase...

com licença, poesia


com licença, poesia
deixa eu roubar tua rima
no compasso do teu verso
te mostrar que a minha vida
não é feita de papel
deixa eu provar que a palavra
quando invade minha alma
cria asas
voa longe
vira lua
mar e céu
deixa eu sonhar que sou flor
infinito, estrela-guia
prisioneira do amor
com licença, poesia
deixa eu roubar tua rima
e no compasso do teu verso
te escrever em prosa e cor

Atemporal



Atemporal - O que transita no tempo sem necessariamente pertencer ao passado, futuro ou presente. Descobri o teu significado em mim. És assim, como um cometa que de tempos em tempos entra em minha órbita e, nos meus braços, se parte em mil pedaços explodindo em emoção.
Ah! meu pobre coração...

Dividimos cobertor e há pouco te olhava. Coisa mais clichê, eu sei, mas tu não tens idéia da vontade de levantar teu queixo e perguntar “porque tão linda?” e receber uma resposta sem pé nem cabeça, ou um beijo.
Mas aí é pensar demais, aí sim é querer o improvável. Aí sim é desejar e ficar só por isso.
Se não fosse por medo, ih!... já teria feito, já teria adiantado e já saberia como ocupar meus meses.
Ainda te vejo e ainda te quero, mas como se isso adiantasse…
Podia ser assim, né? Um desejo, uma conquista.
E assim será, de longe, querendo sempre te ter por perto. E se for confusão minha?
Dane-se.
São só poucos meses de proximidade a distância.
Tenho certeza da saudade da tua frieza, dos teus cabelos e… queria dizer beijo, como se fosse algo já em mim. Não é e tampouco será.

Durma bem, meu anjo. Que esse teu sorriso seja… Que um dia seja meu.

(Gubert Daniel - meu sobrinho -16 anos)

Escritos


página em branco,
da vida ganhei rascunhos
hoje sou meu livro predileto



soneto de um amor ferido



quisera eu não ter te reencontrado
e provocado em mim imensa dor
evitaria reviver nosso passado
e conviver com tanto desamor

quisera eu não ter me apaixonado
por teu sorriso puro, encantador
só fez magoar meu coração já machucado
a presa fácil de um cruel perseguidor 

porém se pensas que todo teu descaso
na distância ou silêncio provocado
destruiram o meu amor, lamento

em ti verei sempre o menino adorado
que ensinou-me o mais puro sentimento
não aquele a provocar tamanha dor

Ah! O amor...


descobri que te amava
quando adonei-me
da lua e das estrelas



adonar-se: tornar-se dono por astúcia (termo muito usado no Rio Grande do Sul)

Solidão (Soneto do amor sozinho)


ouço a chuva soluçando na vidraça
gotas d´água a desenhar carícias
descalça e nua a sussurrar ternuras,
em minha pele a provocar delícias

solidão que invade a minha alma
emudecida na escuridão da noite
escondendo-se por detrás das sombras
vencendo o medo, o vento, o açoite

teu corpo ao tomar o lugar dele,
espalha cheiros, noites de aventura
provoca dor, constrói minha loucura

e mesmo na presença que enlouquece
e mesmo no silêncio que machuca
solidão fica aqui, abraça-me e aquece.

Misturança


Quero o abraço...
o descompasso
o beijo molhado
o corpo suado
pedaço de mim...
quero a mistura
de amor e aventura
força e candura
princípio e fim

mistura pouca
mistura louca
mistura tanta
Que se agiganta
E sigo bebendo
do teu veneno
me embriagando
e te sorvendo


Encontro



malícia... meu olhar no teu
delícia... teu corpo no meu
pouso e repouso

Metamorfose


Quando a noite enfim chegou
e teu olhar pousou em mim
meu corpo incendiado
como um casulo enfeitado
de fitas e de cetim
rendeu-se ao teu encanto
e entre prazer e espanto
no teu amor renasceu
e enquanto o sol dormia
antes que chegasse o dia
num céu quase azul violeta
eu deixei de ser lagarta
para ser tua borboleta

Poemetos


Sentinela

Se eu pudesse amar-te agora
Bastaria a lua
a iluminar-me nua
pela fresta da janela




Preciso urgente de um início para o poema

...
E, em lenta agonia,
antes que a lua desponte,
o sol, ao se por no horizonte,
o seu corpo acaricia.

Sou tantas, sou nenhuma



não sou Amélia
a mulher que dizem de verdade
nem Carolina vendo a vida da janela
não sou a Rita que calou um violão
ou um retrato maltratando um coração
não sou as mulheres do Roberto
nem mesmo namorada de um amigo meu
não sou Maria Carnaval que virou pó
tão pouco uma Julieta sem Romeu
quem sabe eu seja as mulheres do Lenine
não sou nenhuma e todas elas numa só?
talvez, do Chico, eu seja a tatuagem,
uma risonha e corrosiva cicatriz
quem sabe, enfim, eu seja um soneto
ou as mulheres que só dizem sim?
No fim,
de todas elas,
eu sei, serei somente aquela
que por amar-te tanto
fechou o coração
largou num canto
e mesmo em meio ao pranto perdoou

Meu sótão


Hoje fui ao sótão disposta a uma grande faxina.
Minha vida estava lá, guardada em pequenas caixas.
Algumas desbotadas, outras coloridas, umas mantinham-se perfeitas, outras cobertas de teias e pó.
Sentei-me em meio a todas elas e, pouco a pouco, desfiz os nós.
Lembranças.
Saudade.
Dor.
Felicidade.
Em cada uma um sentimento. Uma emoção.
Em meio às lágrimas, busquei um sorriso p´ra aquecer meu coração.
Nada joguei fora, apenas abri vagarosamente a janela e deixei a luz entrar. Esperança.
Uma nova caixa coloquei lá...

2 Poetrix


Classificados

Perdeu-se um coração
em péssimo estado
... ainda pulsando

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Achados & Perdidos

revirando minha vida
achei alma e coração
ambos feridos

Faxina


deixei meus sentimentos no varal
após a chuva
o sol há de aquecê-los

3 Poetrix


O teu amor em mim

rimas tortas
rimas mortas
poeta-dor, poema-fim



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Acordes

se eu fosse um violão
queria a tua mão
tocando Lá, sem Dó


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Amores-perfeitos existem


uns florescem em meu peito
outros murcham com o tempo
raros enfeitam meu leito

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Pudesse eu amar-te agora


pudesse eu amar-te agora
não repetiria gestos nem palavras
só meus olhos a implorar aos teus
o desejo de não ires mais embora

pudesse eu amar-te agora
e te fazer sorrir cada vez mais
seria eu teu mar, o teu veleiro
a aportar em mim, teu templo, o cais

e envolto nos meus braços, teu abrigo
eu, por amar-te tanto, te diria
da memória etérea desse amor antigo

transformaria em rima as lembranças
e reescreveria em cores nossa história.
ah!... pudesse eu amar-te agora!...

Andei por aí




andei por aí...

entre a dor e a saudade
entre a raiva e a paixão
alma que se esvai sem vontade
bússola sem direção


andei por aí...

nas encostas
precipícios
no deserto
erosão
sem abrigo
sem destino
sempre na contramão


e sem saber se o que vivia
era o inicio ou o fim
na minha alma de menina
andei por aí, peregrina
procurando em cada esquina
algo que me lembrasse de ti

Borboletas no estômago

ah! essas borboletas...
sentindo a paixão chegar
num alvoroço instigante
rodopiam num instante
teimam em mim voejar

ah! essas borboletas...
ficam em estado de alerta
ansiedade
alma aberta
sentem seu cheiro no ar

ah! essas borboletas...
me fazem apaixonada
e eu que não era nada
de repente o estopim
sinto um frio, um arrepio
desejo você em mim
eu quero assim
nós dois, enfim

Hoje fui morar nas nuvens

tua
fui crescente
na emoção

- alma leve -

fui minguante
na ilusão

- amor breve -

hoje nova
me refaço
da paixão

- pés no chão -

(serei cheia
na esperança
ou no perdão?)

como tantas
tenho fases
como a lua
como tantas
quis ser
inteiramente tua

hoje
(quem sabe sempre)
há um desejo
de tudo serenar

hoje
(quem sabe sempre)
há uma saudade
ferindo a cada olhar

hoje
no fim do sentimento
num último lamento
meu coração voou
cansou...
e foi morar nas nuvens

sobras de um amor perdido


somos poema mal escrito
poesia inacabada
fracos versos sem rima

somos romance sem história
o fim sem início ou meio
folha em branco sem memória

Sem versos e rimas vagueio pelo tempo

Procuro teu amor no sussurrar do vento

No calor da madrugada




Quando chegar a madrugada
e meu corpo em ti buscar o amor
vou desenhar-me em tua pele
e antes que a manhã se revele
sorverei o teu sabor
seremos além de amantes
comandados
comandantes
a caça e o caçador

Quando chegar a madrugada
vou salpicar de estrelas
teu suor sobre o lençol
e em suave melodia
no encontro da noite com o dia
serei a lua
e tu, o sol

Amor antigo



Se insistes em me amar,
não espera que eu te ame
com a mesma intensidade
Não... não é maldade
apenas minha dor ainda é latente
(amor antigo não se esquece de repente)
amor ferido não se espalha como vento
Se queres minha alma sem lamento
segura com carinho a minha mão
não se acalma um coração tão dolorido
não se sopra como bolha de sabão
se esperas que eu me faça apenas tua
me provoca, me atiça, te insinua
me mostra que a paixão não tem escolha
me enlaça, me abraça, me seduz
assim, conduz liberto o meu corpo
me faz teu mar, teu céu, me faz teu porto
teu suspiro, um sorriso, tua luz

Tua ausência em mim




sinto falta de nós dois,
dos suores nos lençóis
impregnando nossa cama

sinto falta do teu corpo
dos odores misturados
ao desejo feito chama

sinto falta da tua voz
do teu beijo após o ato
da carícia, do teu tato

sinto falta da tua mão
segurando a minha mão
coração num só compasso

sinto falta do abraço
no após, o corpo lasso
aprisionando como algema

sinto falta de rimar
o teu verso com meu verso
nosso amor num só poema

Sinais secretos

te sei acariciando outro corpo
a provocar sonhos e promessas
a te abrigar em novo esconderijo

te sei amante meio sério meio louco
a arrancar suspiros em tom rouco
a tatuar tua marca feito fogo

te sei sentindo o sal de outra pele
provando o acre de outros lábios
a deliciar-se em outro beijo

te sei
e mesmo assim
deixaste aqui,
além do meu desejo,
sinais secretos
que habitaste em mim

então, esquecer-te por quê?
se a tua presença me persegue
e amando-te no silêncio de um segredo
umedeço-me na saudade que me segue?

Quero ser mais que o vento


porque fomos
por momento
antiga paixão
ternura

porque fomos
no passado
metade perdida
procura

porque fomos
por instantes
mais do que amigos
amantes

porque somos
como estranhos
razão e sentimento
lamento

quero ser mais que o vento
o depois
nós dois
fragmento

Teu beijo

esse beijo gostoso
despudorado
molhado

esse beijo sem regras
sem limites
roubado

da minha boca insaciável
da tua boca irresistível
sairá em cachoeira
como num dia de chuva
poro molhado, aguaceira

mesmo que teus lábios gastem
mesmo que a saliva seque
mesmo que eu, mulher, peque

um, dois, talvez uns três
importa ser a minha vez
de dizer eu quero mais

hoje serás o meu vassalo
quero um sem intervalo
saciar-me de ti?
jamais!